A HIstória de Meia Noite

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Moça negra foge do padrasto e se torna escrava... (Portuguese)
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Capítulo 1

Piiiiiii...piiiiiii... a sineta das onze horas tocou, encerrando as aulas daquele dia. A turma da quinta série do supletivo, com grande algazarra, levantou-se das carteiras gastas e andou para a porta: estavam todos exaustos, depois de um dia de trabalho e das aulas à noite. Mas se esforçavam para vir às aulas: tendo feito dezoito anos, já podiam cursar o supletivo, que representava uma boa chance para melhorar de vida.

Lucimeire pegou suas coisas e começou a caminhar de volta para casa: havia coisas para fazer antes de dormir. Sua mãe trabalhava como atendente de enfermaria no plantão noturno de um hospital, e só voltaria de manhãzinha. Lucimeire era uma moça viva e alegre, muito escura de pele, com lindos dentes regulares, o cabelo preso em trancinhas. Os peitos em pé e a bunda firme ajudavam a compor uma figura esguia, apoiada em canelas finas e em pés bem feitos. Estava vestida com um jeans surrado e com uma blusa que alguém deixara no hospital e que sua mãe pegara para ela.; os tênis gastos, sem cadarço, estavam já um pouco apertados, mas ela não se incomodava: a mãe havia prometido, para o seu aniversário, um par novo e reluzente.

Lucimeire subiu a ladeira que levava à sua casa, numa favela da periferia de São Paulo. Ao abrir a porta, suspirou: havia roupa para lavar, e precisava preparar algo para comer com o que estivesse na geladeira... Colocou a mochila na mesa e tirou os tênis. Ao entrar na cozinha, percebeu que algo não estava certo: seu padrasto estava sentado à mesa, com duas garrafas vazias de cerveja, olhando para o vazio.

"Me despediram," disse ele. "A borracharia vai fechar... estou sem emprego."

O padrasto era um homem de uns quarenta anos, e seu apelido era Alemão, por causa dos olhos azuis e dos cabelos louros. Estava meio bêbado; Lucimeire se afastou, pensando que isso era uma péssima notícia. Os irmãos menores estavam dormindo, a mãe no hospital, e certamente de manhã haveria brigas e gritos; talvez o padrasto batesse na mãe, descontando nela a raiva e a frustração de ter perdido o emprego. Lucimeire dirigiu-se para o tanque e começou a esfregar os lençóis que a mãe havia deixado para ela. Dali a pouco, ouviu a voz áspera do Alemão:

"Vem cá!"

Ela foi até a cozinha, mas o padrasto já não estava lá. Abriu a porta do quarto e o viu deitado na cama, olhos parados, a garrafa vazia na mão.

"O que você quer?" disse ela um pouco desconfiada.

"Você já tem dezoito anos.. já sabe das coisas... vem aqui!" disse o Alemão, levantando-se com surpreendente agilidade. Lucimeire tentou sair pela porta, mas o homem foi mais rápido. Ela tentou gritar, mas ele colocou a mão na boca dela: "Não grite.. não vou te fazer mal... mas estou precisando de uma chupeta. Você, com essa boquinha na certa já chupou um pau?"

Lucimeire estava aterrorizada demais para responder. Sentiu o padrasto forçando sua cabeça para baixo, abrindo o zíper da calça e tirando para fora o cacete branco e grosso. Ele acariciou os cabelos trançados e encostou a boca da garota no pau. Lucimeire tentou ainda resistir: um tapa no rosto, porém, a fez abrir os lábios e beijar o caralho do padrasto.

Ele fechou os olhos, deitado na cama; com a mão, segurava a cabeça dela na posição. Lucimeire, começou a lamber e a chupar o cacete; sentiu o gosto acre, um pouco suado, mas não de todo ruim. Apesar do medo, concentrou-se no que estava fazendo: sabia que, se desagradasse ao Alemão, ele lhe bateria, e quem sabe lhe fizesse algo irreparável. Sugou depressa, a boca subindo e descendo, sentindo as veias latejarem; ouviu o padrasto dizendo que não parasse, que estava bom assim, que ela sabia fazer as coisas... O jato quente e espesso a surpreendeu; sabia que não devia engoli-lo, e o reteve na boca até que o Alemão, satisfeito, a soltasse. Ele se virou para o lado e adormeceu.

Lucimeire foi até o vaso e cuspiu o esperma do homem. Sentia ânsia de vomitar, mas se conteve. Lavou a boca e pensou no que faria agora. Se dissesse à mãe o que o padrasto a obrigara a fazer, ela não acreditaria; sua amiga lhe contara como a mãe lhe tinha dito que aquilo era impossível, que ela tinha se insinuado para o padrasto, e ainda por cima lhe batera de cinto, furiosa, desesperada... A mãe não tinha sido feliz; o pai de Lucimeire e de quatro dos seus irmãos morrera com uma bala perdida, e o Alemão havia aparecido na casa uns meses antes. Talvez a mãe estivesse grávida dele... O exame devia sair dali a alguns dias. Ela não queria outra criança; já tinha cinco filhos, e um bebê a esta altura da vida seria muito mais difícil para cuidar.

Lucimeire decidiu que não iria mais ficar naquela casa. Calçou seus tênis, pegou uma malha de lã, colocou algumas frutas num saco plástico e saiu devagar, para não acordar o Alemão. Para onde iria? Pensou que no dia seguinte podia pedir algum dinheiro no farol, comprar uma passagem de ônibus e sumir dali...

Foi caminhando pela rua esburacada até chegar à avenida. Tomou um ônibus que ia para o centro; no ponto final, desceu e começou a caminhar sem rumo. Logo o céu se iluminou com relâmpagos; uma chuva grossa começou a cair, e Lucimeire abrigou-se na porta de um supermercado 24 horas.

Sentiu fome: olhou para as moedas que haviam sobrado, e viu que não dava sequer para comprar um pão com manteiga. Entrou no supermercado: as gôndolas cheias lhe acenavam com guloseimas que ela não podia comprar, biscoitos, cereais, chocolates, queijo... Olhou furtivamente em volta e pegou uma bandeja com mortadela. Abriu-a e comeu com avidez: ninguém por perto... Mas ela não sabia que estava sendo filmada. Ao tentar sair do supermercado, o segurança a chamou. Ela tentou correr, mas foi alcançada e levada para uma saleta nos fundos do mercado.

"O que você estava fazendo ali? Vi quando você roubou a mortadela," disse o homem, com cara de poucos amigos.

"Moço.. eu estava com fome...," disse ela, embaraçada.

"E eu com isso? Aqui a gente paga o que compra!" respondeu ele. "A polícia vai cuidar disso!" Lucimeire ficou ali, parada, atônita, enquanto ele discava o número no telefone da saleta. Olhou em volta: nenhuma chance de fugir... O homem falou ao telefone e desligou. "Daqui a pouco o pessoal vai chegar.. você dançou, garota!" Lucimeire se encolheu num canto, chorando baixinho.

Minutos depois, uma policial feminina chegava ao local. O segurança explicou o que ocorrera; a policial olhou para a menina e disse:

"Documentos?"

"Não tenho, perdi." Não era verdade: na pressa de fugir, ela havia deixado em casa a identidade.

"Onde você mora?" Silêncio: Lucimeire não queria voltar para casa por nada desse mundo. A guarda repetiu a pergunta: nada. Ela olhou para a figura magra da pretinha:

"Você é maior?" Lucimeire acabava de fazer dezoito anos, mas com seu corpo miúdo podia passar por menos. Ela pensou rápido: se dissesse sua idade, iria para o cadeião das mulheres, e lá era o horror completo. Se se fizesse passar por menor, iria para a FEBEM e teria uma chance de escapar na próxima rebelião.

"Não senhora," disse, e fez figa com os dedos atrás das costas.

A policial deu de ombros e fez sinal para que a pretinha a acompanhasse. Saíram do mercado e entraram no carro de polícia: rodaram uma meia hora, por ruas que Lucimeire não conhecia, até chegarem a um local cercado com arame farpado.

"Desce!" disse a policial. Entraram num prédio velho e mal cuidado. Apesar da hora tardia, uma monitora estava sentada na recepção: a policial explicou que a moça havia sido pega roubando num supermercado, e que ficaria ali até o juiz decidir o que fazer com ela. A monitora olhou para Lucimeire:

"E aí, Meia-Noite?"

A policial sorriu: de fato, Lucimeire era a negra mais escura que ela já havia visto. "Bem... você cuida dela, eu preciso voltar para o plantão," disse. Virou-se e saiu, batendo a porta.

"Venha comigo," disse a monitora. Lucimeire a seguiu; saíram da recepção e deram num pátio grande, para onde davam as janelas de dois galpões com a pintura descascada. A monitora entrou num deles: nas camas enfileiradas, dormiam dezenas de moças cobertas com finas mantas onde se via o logo da FEBEM.. Ouvia-se um barulho de chuveiro: as internas que haviam ficado vendo TV até mais tarde estavam tomando banho. A monitora foi com Lucimeire até uma cama vazia e disse: "Você fica aqui... Venha tomar banho!"

Lucimeire a seguiu até o chuveiro coletivo. Despiu-se e entrou: as meninas estavam se secando. Havia umas dez garotas, visivelmente já maiores de dezoito anos, mas que ainda estavam ali, por causa da lentidão da Justiça, que levava meses para soltar quem já era "de maior."

"Essa é a Meia-Noite," disse a monitora. Lucimeire protestou: "Eu me chamo Lucimeire!" A monitora não fez caso: "Aqui você vai ser a Meia-Noite, e sem discutir, ouviu?" As jovens riram alto: Lucimeire lavou-se e recebeu uma toalha gasta. Enrolou-se nela e seguiu a monitora, que lhe deu um uniforme do lugar: camiseta com o logo da FEBEM e shorts. Lucimeire vestiu-se e seguiu a monitora, pisando no chão frio com os pés descalços. Reparou que as outras garotas também estavam descalças: uma tentativa de evitar fugas Inútil: naturalmente, as moças fugiam assim que tinham ocasião.

A monitora preencheu uma ficha com os dados da garota e lhe disse que fosse dormir. A negra arranjou-se na cama e tentou dormir, mas não conseguiu. Estava chocada com o que lhe acontecera; rolou e rolou na cama, pensando no que fazer ... No dia seguinte, veria; por pior que fosse, estava debaixo de um teto, e aquilo certamente era melhor do que a rua.

Ouviu as outras garotas ressonarem; estava quase adormecendo, quando de repente sentiu uma mão passando pelo seu pé. Assustada, levantou-se: a monitora estava ali, fazendo sinal para que ela não falasse. Chegando mais perto, a monitora sentou-se na cama de Lucimeire e disse:

"Pretinha, aqui tem certas regras, sabia? Você vai ser minha empregadinha..." Lucimeire arregalou os olhos. "Sim," continuou a monitora: "empregadinha... você vai ser a Meia-Noite, vai lavar minha roupa e passar, entende?" Lucimeire fez que sim com a cabeça. A mão da monitora encostou no peito dela, por cima da camiseta. "E tem mais: você é bonitinha... vai agradar sua chefe..." Dizendo isso, pôs a mão por baixo da camiseta da garota e sentiu os peitos firmes.

"Tira essa camiseta!" Lucimeire obedeceu. A monitora encostou os lábios no seio dela e o beijou. Lucimeire não fez nada: deixou a outra fazer como queria. Estava surpresa, mas o contato da boca da outra no seu seio não era ruim. A monitora descalçou os tênis, tirou a roupa e entrou sob o lençol gasto que cobria a cama da menina. Abraçando-a, disse: "me beije..." Lucimeire abriu os lábios e sentiu a língua quente da outra passeando por sua boca. As mãos da monitora percorriam seu corpo, tateando atrás da xoxota quente e peludinha da negra. Lucimeire sentiu dedos ágeis acariciando seu clitóris, enquanto a outra beijava suas orelhas e cabelos, aspirando o cheiro um pouco adocicado do corpo escuro e magro.

"Agora vem..." disse ela, colocando a cabeça de Lucimeire entre suas pernas.

"O que eu faço?" perguntou a menina.

"Lambe, chupa, dá prazer para a tua chefe..."

Lucimeire obedeceu. A buceta da monitora estava depilada: ela sentiu o áspero dos pelinhos recém cortados, contrastando com a maciez dos lábios vaginais. A monitora ia dirigindo a cabeça da garota para o lugar onde sentia mais prazer; disse-lhe que pusesse a língua dentro da xota, o que ela fez, e lambesse. Rapidamente, chegou a um orgasmo, depois outro, depois outro.. Por fim, disse :

"Tá bom assim.. você é legal, Meia-Noite! Me obedeça, que tua vida aqui não vai ser ruim. Mas se você se meter a besta, eu faço tua vida virar um inferno, tá entendendo?"

"Tá bom," disse a pretinha. "Eu faço o que você falar."

A monitora vestiu-se e saiu do galpão. Se alguma outra interna havia percebido o que ocorrera, não deu sinal. Lucimeire, cansada, virou-se e adormeceu.

Capítulo 2

No outro dia, as garotas acordaram cedo, e foram tomar o café no refeitório. Depois do café, distribuíram-se por suas atividades: havia uma oficina de costura, a lavanderia, o lugar de passar roupa, e uma oficina onde se montavam brinquedos. A diretora daquela unidade acreditava nas virtudes do trabalho: não deixava as internas desocupadas, e elas recebiam cinco reais por dia trabalhado. Evidentemente, o que faziam rendia muito mais do que isso, e a diferença ia para a conta da diretora; mas isso elas não sabiam. As monitoras recebiam uma mensalidade do Estado, e uma parcela do que a diretora ganhava com a venda dos serviços das internas; além disso, tinham o direito de usá-las para coisas particulares, como cuidar das suas roupas, fazer unhas, etc. O sexo não estava regulamentado, mas era prática comum: cada monitora escolhia uma ou duas internas e se divertia com elas. A que escolhera Lucimeire e lhe pusera o apelido de Meia-Noite chamava-se Silvia; era uma das mais antigas ali, e tinha uma nítida preferência por garotas de cor.

Lucimeire foi designada para a sala de passar roupa, mas pouco depois de começar Sílvia veio chamá-la.

"Meia-Noite, vem cá... preciso que você faça meu pé!"

As outras garotas não estranharam o pedido: várias delas faziam as unhas ou os pés das monitoras a quem serviam. Lucimeire acompanhou a monitora até o quarto onde essa dormia, com mais duas outras. Sílvia lhe mostrou onde estavam a bacia e os apetrechos; a pretinha encheu a bacia, descalçou o tênis da outra e ajoelhou-se para fazer sua obrigação. Sílvia tinha pés bem cuidados, com unhas pintadas de vermelho vivo. Lucimeire lixou bem o calcanhar e o dedão da moça, molhando com água para não doer; em seguida, tirou com acetona o que sobrara do esmalte e pintou as unhas com esmero, tomando cuidado para não borrar.

"Ótimo," disse Silvia. "Você é jeitosa, gosto disso! Já tinha feito unha antes?"

"Só da filha da patroa da minha mãe," respondeu Lucimeire.

Sílvia olhou para os seus pés.

"Sempre uso pretinhas daqui para fazer eles. Sai mais barato que no salão e costuma ficar melhor,." disse sorrindo. "Agora vem lavar meu cabelo!" Dirigiram-se para o banheiro. Silvia sentou-se num banco e deitou a cabeça para trás, na pia. Meia-Noite – pois Lucimeire estava se acostumando a ser chamada assim - molhou o cabelo liso e fino da monitora, passando xampu e massageando com delicadeza o couro cabeludo. Depois lavou com creme rinse, enxaguou e secou com uma toalha, que enrolou na cabeça da outra garota.

"Tá bom assim?" perguntou.

Silvia olhou-se no espelho, e gostou do que viu. "Tá sim... agora você pega essa roupa e vai lavar..."disse, mostrando um cesto com blusas, calcinhas e roupa de baixo, além de meias e dois shorts. "Depois, lave os tênis e deixe secando no sol.. Aí já vai ser hora do almoço, e depois vamos ver o que você vai fazer de tarde." A negra pegou o cesto e saiu, pisando com os pés nus no chão de cimento. Sílvia deitou-se na cama e pensou que realmente era uma sorte esse emprego: não se ganhava mal, sempre havia estes extras que a diretora dava para as monitoras, e as pretinhas realmente eram bem submissas. Essa em especial... A que tinha antes tinha sido liberada na semana anterior.

Liberada? Sílvia lembrou-se da cena. Um homem alto e forte havia vindo conversar com a diretora da unidade, e saíra com a moça. Talvez lhe tivesse dado emprego em sua casa? Sílvia não sabia. Só sabia que a chegada de Meia-Noite tinha recolocado as coisas em seus lugares: não gostava de ficar sem uma escurinha para cuidar dela, e, embora houvesse outras meninas, pardas ou mulatas, ela preferia as bemdarks. As outras monitoras até brincavam com ela sobre isso, mas Sílvia não se importava: desde que vira nas novelas como as escravas de antigamente serviam suas donas, sempre escolhia uma menina bem escura para essa função. E não tinha intenção de mudar...

Meia-Noite estava debruçada sobre o tanque quando Silvia veio chamá-la: "A diretora quer falar com você, vem comigo!" Ela a seguiu até o gabinete da diretora, uma mulher alta e magra, de óculos, que estava lendo uns papéis. A diretora levantou os olhos e viu a nova interna.

"Hum... furto em supermercado.. você não tem vergonha, menina?"

"Eu tava com fome, moça.. por isso peguei aquela mortadela..."

Mas a diretora não ouvia. Estava estudando o corpo de Lucimeire: magra, escura, peitos pequenos, esguia, ancas estreitas...canelas finas.. pés pequenos, bem feitos... Levantou-se e foi até a garota. Abriu a boca dela e viu as duas fileiras de dentes perfeitos, brancos como marfim. Suspirou e sentou-se de novo.

"Vocês não têm jeito mesmo... Você sabe que pode ficar aqui vários anos, por causa disso?"

Meia-Noite sentiu o sangue gelar nas veias. "Tudo isso, moça? Só por uma bandeja de mortadela?"

"Furto é furto," disse a diretora. "Mas você pode ir para um lugar onde te darão trabalho e comida. Uma fazenda. Gostaria?"

Meia-Noite pensou um pouco. Fazenda? Nunca tinha estado numa. Mas se ficasse ali, acabariam descobrindo que ela era maior de idade; teria de ir para a prisão, onde, sabia, iria acabar se drogando ou se prostituindo para as guardas. Ou, pior, talvez a mandassem de volta para a casa, o padrasto certamente a espancaria por sua fuga, e depois... Meia-Noite pensou naquele cacete grosso entrando nela, forçando-a a lhe dar prazer. Um arrepio de medo percorreu seu corpo. Perguntou:

"Isso é longe?"

"Sim," respondeu a diretora. "Tem que ir de avião." Meia-Noite gostou disso: bem longe, longe do Alemão.

"Tá bom," respondeu. "O que a senhora quiser, eu topo."

A diretora sorriu: "o.k. ... volte para o seu trabalho... acho que amanhã ou depois você já poderá sair." Meia-Noite saiu da sala e voltou para o tanque. Tinha muito serviço a fazer antes do almoço...

A diretora abriu uma agenda e teclou o número de um celular em Mato Grosso.

"Alô... Dr. Carlos?"

"Falando," disse a voz do outro lado."

"Aqui Maria Clara... acho que tenho outra escurinha para você. Especial!"

A voz do outro lado calou-se por um instante. "Posso estar aí amanhã de manhã. Mesmo preço?"

"O senhor vai ver, acho que essa é especial. Deve ter acabado de fazer dezoito, bom exemplar... Falaremos de preço amanhã. Até mais então," e desligou.

Maria Clara havia conhecido o Dr. Carlos numa reunião de empresários. O homem lhe havia proposto um esquema aparentemente seguro: pagaria cinco mil reais por internas que ela selecionaria, e ele as levaria para uma fazenda que tinha em Mato Grosso. Daria trabalho, comida, tudo o que precisassem. A única condição é que fossem negras. Negras, não mulatas, especificou. Maria Clara não era ingênua: logo percebeu que o homem acabaria usando as garotas; quem sabe tivesse um bordel especializado em negras... Isso não era da sua conta. Cinco mil não era uma quantia para se desprezar... E aquelas meninas, o que fariam em São Paulo? Acabariam nas ruas, drogadas, prostituídas. O trabalho das internas lhe rendia um bom dinheiro, através de acordos com empresas que compravam os produtos sem nota, ou que enviavam roupa para lavar e passar, costurar, etc. Mas a vender internas era outra coisa: hesitou um pouco, isso poderia lhe custar o posto se fosse descoberto...

O Dr. Carlos lhe prometeu sigilo; e, passadas poucas semanas, ela lhe telefonou. Um lote de quatro meninas que acabavam de se tornar maiores foi sido despachado para Mato Grosso, no jatinho particular do fazendeiro, antes que o juiz determinasse sua soltura. Depois, a cada mês ou dois, Maria Clara telefonava para ele, quando lhe parecia que tinha alguma garota adequada aos seus gostos. Lucimeire era a décima que estava vendendo: com o dinheiro, Maria Clara já havia trocado de carro, e quem sabe dali a alguns meses pudesse comprar aquele apartamento ...

Meia-Noite acabou de lavar a roupa no momento em que a sineta tocava para o almoço. De tarde, trabalhou na sala de passar roupa: o calor do ferro a fazia suar, mas conseguiu passar todo o monte que lhe havia sido designado. O banho e o jantar transcorreram sem incidentes; à noite, Sílvia veio de novo para a sua cama, acariciou-a, gozou de novo na boca dela... As coisas começavam a entrar numa rotina.