Enluarada

Informação da História
A tale of longing.
591 palavras
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(Para J.)

Noite de verão. Calor. Deitada. Nua. Na cama. No escuro.

Pelas frestas da veneziana entra um esboço de um prateado luar cheio. Cabeça afundada contra os travesseiros de pluma de ganso. Sinto na pele a maciez dos lençóis de algodão branco recém-lavados, ainda com o cheirinho do sol que os secou.

Deslizo a mão pela cama vazia e, num impulso, puxo um dos travesseiros contra meu rosto. Os braços contornam o formato como se abraçassem um corpo. Enterro o rosto na fronha. Um leve gemido escapa da garganta seca. Queria que fosse você.

O tecido se transforma em pele e pêlos. Corro os dedos de leve no que agora são suas costas. Giro o corpo e, em um segundo, é você que está sobre mim.

Mas o travesseiro é leve demais. Onde está o peso que me prenderia ao colchão e ao mesmo tempo me libertaria? Macio demais, onde está a tensão dos músculos contraídos no abraço terno, a dureza dos ossos por debaixo da pele? Pequeno demais, onde está a rigidez que invadiria minhas entranhas tendo antes deixado um rastro de espuma do mar na praia das minhas coxas?

Frustrada, jogo o travesseiro de lado, afasto os lençóis e levanto. Escancaro a janela, olho a lua e deixo a lua me olhar com olhos que são os seus, dois pontos escuros, líquidos. A brisa arrepia meu corpo que arde em vontades, em saudades, em desejos... Olho a lua inconformada, tanto tempo ainda pela frente antes de poder sentir o calor das suas mãos, o gosto da sua boca, o cheiro da sua pele...

Como pode algo que nunca aconteceu parecer tão real? Você, um homem de carne e osso, que só existe na cintilante forma digitalizada por trás do monitor e que chega e toma conta de mim em e-mails e bate-papos no ICQ. Do seu rosto e da sua pele só conheço pixels, não poros. Nunca a aspereza da sua barba por fazer arranhou meus lábios. Nunca o seu toque estimulou os terminais nervosos do meu corpo. Minhas mãos nunca percorreram o contorno de sua cabeça. Meus dedos nunca deslizaram pelos seus cabelos negros. Nunca senti seu cheiro. Nunca provei seu tempero. Será doce? salgado? ácido?

A brisa lambe meu corpo novamente e a imaginação, descalça e ensandecida, corre desenfreada pelos labirintos da minha mente. Suas mãos deslizando pelas minhas costas, agarrando minha cintura, puxando-me de encontro ao seu peito. Meu rosto enterrado nos seus pelos, seu cheiro nas minhas narinas, sua respiração sinalizando o caminho a ser percorrido pois estou cega, perdida em você. Sua boca desenhando tatuagens de arrepios no meu pescoço, nos meus seios, seus lábios moldados contra os meus, as línguas em duelo de hábeis espadachins, nuvens de suspiros, ventanias de hálitos, garoa de gemidos, batuque de corações disparados...

Meus dedos percorrem meu corpo que vibra em ondas de desejo não saciado. A pele reage arrepiando-se com o toque. Não são mais minhas e sim suas palmas, seus dedos impacientes que mergulham neste poço de águas tépidas, investigando, alisando, acariciando o pequeno botão de carne pulsante que soluça, querendo matar a minha sede inundando seus lábios, sua língua, sua boca como em um maremoto.

Uma onda violenta de espasmos sacode meu corpo num tsunami. Os joelhos fraquejam, inclino-me para a frente, apoio uma mão na janela, a outra minha/sua mão? (não sei mais), abocanha, engole a carne macia e agitada. A lua me banha, suave, senhora das marés, dos loucos e dos lobos que, como eu, uivam seus lamentos. Onde está você?

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