Selvagem

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O coração batia forte, muito forte. Ela sentia-o com a mesma intensidade com que sentira aqueles dentes. A dentada. Tudo começara aí, tinha a certeza. "Não acredito em bruxas, mas que as há, há!" Na agitação em que se encontrava, não precisava nem conseguiria longos raciocínios. A adrenalina dá-nos certezas, e ela sabia, intuitivamente.

No mês passado tinha ido visitar os pais, no interior. Viviam numa fazenda uns bons cinco quilómetros afastados da casa mais próxima, e muitos mais, sabia bem, da vila, o primeiro verdadeiro sinal de vida em comunidade. As noites de verão eram convidativas, e sem companhia resolveu vagabundear pelas redondezas. Não que não fosse uma mulher atraente, no sentido em que atraía as atenções dos homens à sua volta, mas porque simplesmente não havia viv'alma, ou melhor, "jov'alma" ao seu redor.

Apesar de não haver iluminação nas fazendas, exceptuando a que rodeava as habitações e a estrada, ela não tinha medo. Uma das coisas que mais gostava quando vinha "à terra", era que o crime ainda não chegara aqui. Também pouco havia de valor para o justificar nas fazendas à volta, que se calhar por isso mesmo, ninguém chamava de quintas, apesar da extensão. Demasiado pomposo.

O único verdadeiro perigo de passear à noite fora das estradas era o de não ver o caminho. Podia tropeçar numa pedra ou na raiz de uma árvore e partir um pé, ou até cair numa vala ou poço. Não seria a primeira. Mas hoje a lua cheia brilhava no céu e iluminava os possíveis perigos do caminho. E também as belezas. Sempre fôra uma rapariga da cidade, mas amava este cantinho de paz, seu refúgio. A lua só não iluminou o verdadeiro perigo desta noite. No entanto, tinha sido avisada. Ouvira os longos e angustiantes uivos desde que perdera de vista as luzes da casa.

Ele estava emboscado atrás de um largo carvalho. Ela devia ter adivinhado, mas como podia? A única coisa que sabia era que se sentia aliviada por ter deixado de ouvir aqueles uivos enervantes. Mas ao abeirar-se do carvalho ouviu resfolegar. Pensou tratar-se de um cão, talvez até um javali perdido. Movida pela curiosidade, eterna inimiga da prudência, avançou para determinar a sua origem, e mesmo quando ia rodear o obstáculo para poder ver, viu. Ele. Aquilo. Não, era decididamente um ele.

Na verdade, ela não viu muito. Apenas uma massa escura, dentro da qual brilhavam dois globos brancos. E os dentes. Caninos afiados, longos. Os molares pareciam outras tantas presas animalescas. A melhor analogia teria sido uma serra, contida dentro de uma boca monstruosa. Uma serra afiada. Viva.

Ela viu-a bem. Era só o que conseguia ver enquanto lutava desesperada contra o seu assaltante. Aquele terrível reflexo do luar nas presas ameaçadoras. Era quase hipnótico. Mas ela era uma lutadora. E a certa altura teve a sua oportunidade.

Enquanto aquela boca resfolegava nos seus ouvidos, procurando feri-la, quem sabe devorá-la, pedaço por pedaço da sua carne quente e palpitante, ela sentiu as pernas livres. O monstro abrira-lhe as coxas de jovem enérgica e saudável para a imobilizar com o seu peso, o seu corpo. Mas libertou as coxas o tempo suficiente. Atirou o joelho para cima e atingiu algo suave, apesar de firme. O assaltante, surpreso, sentiu a agressão onde menos esperava. E acusou o toque. Com um golpe de coxas, atirou-o pelo ar. Não era leve, mas o golpe fora terrivelmente forte, desesperado.

Ele caiu e rebolou no chão em agonia, uivando fúria impotente. As mãos agarrando as virilhas revelaram que fôra atingido num ponto fraco. Impressionada com a forma como eliminara a ameaça, ela não se moveu. Os pés pregados na terra dura. Até ao novo ataque. Selvagem. O salto de um terrível predador, sem piedade. Ela levou um pé atrás. As pesadas botas de campo eram uma arma de respeito. E ela usou-as. Mas não antes de ser derrubada e sentir o braço dilacerado por aquela besta em fúria.

Desta vez atingiu-o pleno no rosto. Ele voltou a simplesmente não cair, rebolava em frustração e dor. Foi então que ela viu o sangue escuro. Não nele, todo o seu inimigo não passava de uma mancha escura. O sangue no seu braço. Irreal. Toda aquela quantidade de sangue se escoando do seu corpo e ela ainda mantinha a consciência. Olhou apavorada para o assaltante e viu sangue também nas únicas porções visíveis do seu corpo. Os olhos injectados e nos dentes. O monstro escorria sangue. Muito sangue. O sangue dela. Mas não sabia que tinha ganho a batalha. Estranhamente fugiu, num misto de cambalear com o galope enérgico de um animal carnívoro. E desapareceu no escuro, rosnando, envolto no mesmo mistério do seu aparecimento repentino.

Manteve-se imóvel, alerta. Esperava novo ataque. Mas não se repetiu. Até o resfolegar deixara de se ouvir. E ela aos poucos deixou de poder contar com a adrenalina para a manter de pé. Sentia as pernas bambas. Para evitar cair no chão e na inconsciência, forçou-se a andar. Apesar de lhe parecer arrastar-se vagarosamente, em pouco tempo já estava de volta, um caminho que lhe levara um bom par de horas no anterior passo descontraído de passeio.

Os pais assustaram-se quando a viram, uma mancha de sangue se alastrava do peito às ancas e ainda lhe cobria todo o braço. O ferimento devia ser horrível, mortal. Mas depois de lavada, resumia-se a duas marcas. Nem por isso menos assustador. Faltava um pedaço de carne do braço e do antebraço. Nada de muito fundo ou largo, mas mesmo assim alarmante. Principalmente quando, já depois do inicial curativo, já no hospital, o médico observava os ferimentos. Tinham ganho uma cor esbranquiçada. Mau augúrio. Sinal de infecção.

Agora, com o pulsar das artérias nos seus ouvidos... mais, sentindo por todo o corpo o bombear do sangue, tinha uma lembrança desses momentos. Não como uma memória. Mais como um sentido, uma intuição, algo mais primitivo.

A tensão acumulara-se para além do suportável. Ela sentiu a necessidade. Primitiva. As coxas tensas saltaram por vontade própria. Lançou-se com fúria para a frente. Não era nem bem uma corrida. Era um galgar. Como o dele.

Nos dias que se seguiram ao ataque, começou a sentir-se diferente. Estranha. Alerta. Demasiado viva, consciente do seu corpo. As feridas sararam mais rapidamente que imaginara. Até as cicatrizes se estavam a tornar imperceptíveis. A amiga comentou que o seu estado novo era natural. Tinham tentado fazer dela uma vítima, mas ela recusara. Lutara e ganhara. Ela quis acreditar. Mas sabia algo mais. Sentia algo mais. Surpreendia-se.

Um dia deu por si a farejar. Aquele odor atraía-a. Entrou no quarto da amiga e percebeu. Era o cheiro de um corpo. Quente. Suado. Intenso. Excitada... A amiga remexia-se num pesadelo e invadia-lhe as narinas. De repente percebeu. E fugiu, apavorada. Era o cheiro de um sexo de mulher. Húmido e excitante.

A tremer foi para o seu quarto. Masturbou-se freneticamente, com violência. Não era a primeira vez, mas não tinha o hábito. E nunca provocado por uma mulher. Nunca também com esta urgência. E pela primeira vez penetrando-se, com uma força quase dolorosa. Violentava o sexo com os dedos, e os dedos com o movimento das ancas.

Só na alvorada conseguiu o orgasmo. Forte. Violento. Mordeu uma mão com a boca, a outra com a vulva. E do fundo da garganta soltou um gemido rouco. Quase um uivo. Sentia agora o seu cheiro e sentiu-se aliviada. Não resistiu a lamber a mão, impregnada dos seus fluidos. Lambeu-a até conseguir na boca um sabor mais forte a sexo que na mão. Mas ainda não conseguiu dormir. Não enquanto a amiga não saísse de casa. Pela primeira vez teve medo de si própria.

A amiga, mal se levantara e vira que ela ainda dormia, preocupou-se. Normalmente ela já estaria de saída a esta hora. Ouviu a voz doce, sedutora, enervante, chamar o seu nome. Retraiu-se tensa na cama, fingindo dormir. Sabia que se a amiga a tocasse... nem podia pensar nisso sem os músculos se retesarem. Felizmente a outra desistiu. Passada uma hora ouviu com alívio o bater da porta da rua. Macerou uma última vez a vagina até ao esgotamento e dormiu.

Acordou à tarde pela primeira vez em anos. Desvairada de fome. Devorou o almoço. Quando acabou, o frigorífico estava quase vazio. Depois, a culpa. Faltara ao trabalho. E o medo. Devia estar doente. Nada disto era normal. Então porque se sentia cada vez mais viva? Ligou a televisão. Os sons e imagens incomodavam-na. Envolveu-se no silêncio, à espera. No sofá da sala. Pensando, mas não conseguindo reter um raciocínio.

De repente a porta abriu-se e ela soube por que esperava.

- Estás bem?

As narinas dilataram-se.

- Ainda estás de pijama? Faltaste ao trabalho?

Remexeu-se desconfortável no sofá. Fez uma expressão de incomodada com aquela presença. A amiga pareceu não notar.

- Estás doente? Deixa ver.

Acompanhou intensamente com o olhar a palma da mão estendida para a sua testa. Fechou os olhos relaxada ao seu doce contacto.

- Um bocadinho quente. Não devias estar assim, só de pijama... Fica aqui. Vou buscar-te um roupão. - a voz acalmava-lhe a perturbação.

Olhou agradecida quando a amiga a envolveu no roupão. Abraçou-a e sussurrou-lhe ao ouvido:

- Obrigada... já estou melhor.

Beijou-lhe o rosto, mas não como antes. Deu por si a repetir beijos, descer ao pescoço palpitante, ao seio que subia e descia, calma, pausada, hipnoticamente... De repente retraiu-se, envergonhada.

- Que foi? Que se passa contigo? - O tom de voz era o mesmo usado ara falar com uma criança, ou um animalzinho de estimação. Em resposta ao seu resmungo queixoso, a amiga tomou-lhe o rosto entre as mãos e deu-lhe um chochinho nos lábios. Ela quis-se aninhar naquele corpo quente. Mas a amiga levantou-se, aconchegou-lhe a roupa e foi-lhe preparar a sopa dos doentes.

Nessa noite deitou-se cedo. De novo, não conseguiu dormir. Perturbada, evitava masturbar-se, porque pensava na amiga. Quando percebeu que esfregava as coxas uma na outra, levantou-se, irritada. Deu por si emboscada no quarto da amiga. Lutando contra aquele desejo. Que aumentava, a ameaçava. E a impelia para aquele corpo. Dormia de barriga para baixo, coxas entreabertas. Só de cuequinhas.

Fugiu para o seu quarto e cedeu. Masturbava-se desesperadamente, permitindo-se fantasiar livremente com a amiga. Atingindo orgasmo em cima de orgasmo. Penetrando-se e fornicando os seus dedos. De coxas cerradas. Até à dor.

Na noite seguinte, o susto. A amiga percebera as suas noites inquietas. Só não sabia a razão. Nem como ela passava as horas da vigília. E agravou tudo. Convenceu-a a dormir naquele quarto impregnado com cheiros quentes. A princípio estava calma, só levemente perturbada, concentrada no carinho e não nas paixões. Fechou os olhos e aconchegou o rosto no colo doce. Mas não resistiu a esticar a língua.

A amiga sobressaltou-se ao contacto húmido no seu seio. Por momentos suspendeu a respiração e os afagos no seu cabelo. Ela então sentiu a invasão. Feromonas agressivas. Foi compulsivamente atraída para a fonte. Não deixou cair a cabeça. Atirou-a, com vontade... Mas assustou a presa. Sobressaltada com o ataque íntimo, tremeu e gemeu, tensa. E quebrou o feitiço. Mortificada, a predadora recuou num salto.

- Desculpa querida, acordei-te!

Cravou os olhos na amiga até compreender. Estava ilibada. Era tudo sono. O desejo, o ataque, a fuga e o choque. Recusou os braços que mais uma vez se abriam para ela e fugiu para o seu quarto, para a frenética fornicação solitária. E não soube que a amiga húmida, olhando para as manchas nas cuecas, percebeu que só a debaixo era sua. No monte de vénus havia saliva. E se na consciência não se permitiu, envolta no sono atingiu um prazer asfixiante.

Ela voltou a acordar tarde. Saciada a fome, já não tinha esperanças de acalmar a perturbação. Passou o dia a esfregar-se. Poderia ter-se percebido a marcar o território. Por isso, na casa de banho foi atraída para o cesto da roupa suja. Encontrou a cuequinha manchada. Sôfrega, levou-a ao nariz e inalou. Insatisfeita, levou-a à boca. Sugava-a e masturbava-se. Depois levou-a abaixo e introduziu-a na vulva, rosnando de excitação. Perdeu a voz e a força das pernas num orgasmo longo, agonizante. Só quando acabou de se sentir latejar, tomou consciência de si. Nua no chão da casa de banho, enrolada no seu corpo, as duas mãos no sexo, de onde saía parte da roupa interior da amiga. Aterrorizada, fugiu.

Errou pela noite, tentando cansar o corpo. De madrugada avistou um jovem. Movia-se num misto de marcha felina e descontraída. Repugnada e simultaneamente atraída, perseguiu-o durante o dia, mas não teve coragem de o seguir para dentro do prédio. Voltou para casa no fim da tarde.

Quando a amiga chegou, ela soube que teria de ser hoje. Ignorou as perguntas e os protestos. A outra parecia uma amante traída, e seria assim que a trataria. Reconquistando-a. Manipulando-a para satisfazer as suas necessidades.

Seguiu-a nos calcanhares por toda a casa. Enquanto se refrescava, trocava de roupa e cozinhava. Recusou ir para a cama porque sabia que a amiga queria que dormisse. Só não resistiu ao seu carinho. No sofá trocavam beijinhos e acariciavam a pele arrepiada. Poderiam ser mornos mimos fraternais, mas por que então se sentiam tão quentes?

O olhar da amiga era medo e excitação. Ela soube-se predadora. E atacou, forçando-lhe os lábios e penetrando aquela boca. Chupava-lhe a língua e amassava-lhe o corpo. Empurrou-a, deitou-se por cima dela e prendeu-a com o seu peso. Já não a beijava, lambia-lhe a boca. Sufocava-a. Até que foi repelida. Os protestos começaram débeis, mas depois foi socada nos ombros. Para trás. E viu-a sentar-se muito direita. No extremo do sofá.

Fitou a amiga em desafio. Pronta para atacar. Ouvia-lhe distintamente o troar do coração. Via-lhe o medo nos olhos. E cheirava a excitação. Continuou imóvel, hipnotizante ao ver as palmas das mãos estendidas. A amiga acariciou-lhe o rosto muito docemente, implorando ternura, porque iria ceder. Decidida, retribuía a ferocidade com a firmeza do seu olhar. Pegou-lhe na mão, levantou-se e conduziu-a para o seu quarto. Aquele, onde ela não conseguira mascarar a presença da outra fêmea com o cheiro do seu sexo. Ela ia atrás e seguia-lhe o movimento das ancas.

Pararam em frente à cama. A amiga segurava-lhe o rosto com uma mão, o polegar traçando as linhas da sua face. Aproximou os lábios. Seguiu-se um beijo, sem língua, de ternura. A amiga fechava os olhos e esborrachava os lábios. Ela permitiu-a continuar. Esperava. A amiga foi-se baixando, sentando-se aos pés da cama, conduzindo-a. Romântica, parecia estar vivendo uma antiga e trabalhada fantasia. O beijo não se interrompera. Ela não deixara, levando o pescoço à frente, a cabeça à altura dos ombros em atitude predadora. De repente surgiu a língua. Só a pontinha, dançando, procurando a humidade por dentro dos seus lábios. Titubeante. Sondando. Enervante. Até que não aguentou.

Abriu a boca e devorou a amiga, que recuava timidamente. Ela não tinha paciência para fantasias românticas. Queria carne. Agarrou-a pela nuca e forçou-se na sua boca. Deitou-se sobre ela e forçou-se no seu corpo. Mãos, seios, coxas. Então mordeu-lhe o lábio. E afastou-se, contemplando o fio de sangue. Fascinante. Irresistível. Lambeu-o dardejando a ponta da língua, tingindo os quatro lábios de vermelho.

Depois foi descendo, aos chupões. No lábio, no queixo, na curva do maxilar. Abocanhou um seio e o mamilo duro enervou-a. Apertava-o entre a língua e o céu da boca. Enlouquecia a amiga, que lhe beijava o cabelo e a testa, agora com mais paixão. E excitação. Ela sentiu aquela atracção animal irresistível. E sabia como aumentá-la. Descendo em chupões pelo corpo da amiga, deixando um rastro abundante de saliva fresca na pele quente e mordida.

Chegou ao monte de vénus e puxou um tufo de cabelos com os dentes, suavemente, só para causar um dorzinha excitante. Tentou lambuzar todo o monte, levando-se a si e à amiga à loucura. Mas não resistiu àquela vulva molhada em baixo. Rodeou o clítoris, primeiro com a língua, depois com os lábios, mas sem lhe tocar. A amiga já meneava as ancas, impaciente. E por fim mergulhou. Enterrou o nariz nos pêlos e chupou a vulva babada da amiga, que se contorceu em êxtase pela primeira vez. Quanto mais gozava, mais sumo produzia, mais desejo provocava de ser bebida...

Assim que a amiga se recompôs, sempre romântica, afagou o cabelo dela, pagando o delírio com carinho. Pensava que tudo tinha acabado. Mas mal começara. Ela agora só cheirava, saboreava aquele sexo. Nada mais havia. Era impossível despegar-se de lá.

Um fio de humidade corria por entre as coxas até ao ânus. Ela teve que recolher tudo, buscando com a ponta da língua o que escorrera para dentro do orifício apertado da amiga. Assim que lhe aflorou o botãozinho rosa, um arrepio desesperado percorreu todo aquele inebriante corpo. Necessitava de uma penetração.

Primeiro a língua endurecida. Se lhe tivessem falado antes em linguar um ânus, toda ela revolver-se-ia em asco, mas agora sugava-o com a mesma urgência que a uma vagina. Aquele anel piscava-lhe na língua, implorava por fornicação. Desflorou-a com um dedo enquanto se voltava a dedicar à vulva cada vez mais sumarenta. A amiga voltou a desmanchar-se em um gozo esgotante.

- Mais não, por favor... mais não...

Aquele corpo já pedia tréguas mas ela não parou de atacar. Sugava com voracidade. Penetrava já dois dedos, até ao fundo. Lambia-os quando os sentia secos, magoando a amiga, depois sentia-os através das mucosas, dentro daquele corpo que só não lhe fugia porque lhe abraçara o rabo com a mão livre, forçando a sua invasão.

Ela cada vez mais se irritava com aquele botãozinho de carne inchada que se lhe esfregava no rosto. Abocanhou-o, lambeu-o, chupou-o, mordeu. A amiga perdeu o ar, desesperada, abrindo e fechando as coxas, batendo as ancas no seu rosto... Até que parou. Estremecia mas não se conseguia mexer. Um orgasmo longo, louco, doloroso, assassino.

Ainda assim ela não parou. A amiga recuperou o fôlego para gritar, ainda com as últimas ondas de energia a pulsarem forte. Começou a gemer num queixume doloroso, a carne demasiado sensível. O contacto era já insuportável. Ela nem se dava conta. Ou não queria saber. Só sorver. A amiga precisou puxá-la por debaixo dos braços, afastá-la do seu sexo.

- Mais não, amor... - repetia - mais não!

Envolveram-se num beijo molhado de orgasmos. Ela queria continuar a sugar. Agora a boca sumarenta. Mas amiga foi descendo por baixo dela, beijando com muito amor. Mas também com tensão sexual. Queria retribuir tudo o que ela lhe fizera. Mas deteve-se chuchando o seu seio, como uma criança. E embalava-se para dormir! Ela não podia permitir isso. Não agora. Precisava de copular. Com força. Já!

Começou a esfregar o sexo nas coxas da amiga. Mole, não queria agir. Mas cedeu à sua necessidade, e timidamente tocou-lhe os lábios vaginais. Ela avançou com as ancas para ser penetrada. A amiga separou-lhe os lábios com dois dedos, a cabeça de um terceiro entrava na sua vulva. Não era o suficiente. Claramente.

Agarrou-lhe a mão e esticou-lhe três dedos. Fitaram-se por breves momentos, antes de se empalar, mordendo o lábio. Ela tinha uma necessidade violenta que a amiga não compreendia. Não estava preparada para fornicar. Queria fazer amor.

Sentada no punho firme, ela cavalgava energicamente. Queria sentir-se cheia, completamente penetrada. Esfregada ao limite do ardor. A amiga fitava-a chocada e ela lançava olhares animalescos de fêmea a ser saciada. A amiga concluiu que ela precisava de amor. E voltou a chuchar-lhe os seios, evitando aquele olhar que a atemorizava. Porque até ela própria começava a sentir os mesmos desejos.

Empalando-se até aos nós dos dedos da amiga, ela atingiu um orgasmo. Não o alívio, apenas uma sensação procurada, cada vez mais. Não mudou o ritmo. Parou enquanto sentia a descarga, e logo depois continuou, em ritmo diabólico. A amiga já não lhe conseguia segurar os seios com a boca. Então baixou-se. Depositou beijos no monte, no clítoris. Não na vulva, lá estavam enterrados os seus dedos.

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